A oração do Pai nosso nos ensinada pelo pelo próprio Jesus, não é uma simples fórmula, mas uma a oração filial confirmada pela ação do Espírito Santo cada vez que realizamos com o coração. São João Crisóstomo diz que: O Senhor nos ensina a rezar nossas orações em comum por todos os nossos irmãos. Pois não diz "meu Pai" que estás nos céus, mas "nosso" Pai, a fim de que nossa oração seja, com um só coração e uma só alma, por Todo o Corpo da Igreja.
No Evangelho o Pai-Nosso vem em um texto breve, mas falarei aqui de Mateus que traz no Pai-nosso os 7 pedidos. Antes uma reflexão desta primeira parte.
Pai Nosso que estás no céu - Precisamos antes de tudo purificarmos a nossa mentalidade a cerca de certos pensamentos deste mundo. Pela humildade, reconheceremos que ninguém conhece o pai senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar (Mt 11,27). A purificação do coração refere-se às imagens paternas ou maternas provenientes da nossa história pessoal e cultural, que influenciam o nosso relacionamento com Deus (CIC 2779). Precisamos permitir que o Senhor cure as imagens paternas que trazemos de formas negativas. Transcender estas feridas e dores, permitir que o Senhor nos dê um coração de criança e com alma livre podemos dizer: Pai. Jesus, nos revela o Pai. portanto, podemos nEle reconhecer esta paternidade através da comunhão com seu filho.
Começando a reflexão sobre os sete pedidos:
1. Santificado seja o vosso nome - É o reconhecimento da grandeza e da vontade soberana de Deus. Pedir que seu nome seja santificado nos envolve na "decisão prévia que lhe aprouve tomar (Ef 1,9) § 2807. Este pedido é um clamor para o que o Senhor seja santificado em nosso coração. Em toda história de Salvação, o convite de Deus é para que sejamos santos e sabemos que pela sua santidade, ele santifica toda a criação. Portanto, neste primeiro pedido, nos unimos a Cristo para que a sua santidade seja manifestada em nossa vida.
2. Venha nós o vosso Reino - No Novo Testamento, o Reino é conhecido como "Basiléia" (realeza), reino ou reinado. Precisamos compreender que o Reino de Deus existe antes de nós. Este pedido é o clamor da volta de Jesus o "Marana-tha": Vem Senhor Jesus! Pedimos a volta de Jesus Cristo! É um momento de combate espiritual. São Cirilo de Jerusalém dizia: Só um coração puro pode dizer com segurança: "Venha nós o teu reino". O Reino de Deus deve ser implantado aqui e é através da nossa conversão que este se estabelece. Uma vez contemplando a eternidade, pude entender que esta dimensão deve ser construída a partir deste Reino que deve ser acolhido por nós através da nossa submissão e obediência ao Senhor.
3. Seja feita a Vossa Vontade, assim na terra como no céu - A vontade primeira do Pai é que "todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade" (I Tm 2,3-4). Precisamos discernir pela oração qual é a vontade de Deus. Jesus no Getsêmani reafirma esta oração quando pede ao Pai: "Realiza a tua vontade". Esta sem dúvida, é a parte mais difícil e desafiadora. Muitas vezes queremos que Deus faça a nossa vontade, no nosso tempo e do nosso jeito, todavia, a oração de Jesus no Getsêmani foi um ensino profundo de que mesmo quando tudo está humanamente desfavorável, precisamos nos unir ao Espírito Santo para rezar: "Seja feita a tua vontade".
4. O pão nosso de cada dia nos dai hoje - DAI-NOS: É a oração da partilha e da unidade e não da individualidade. É o Pão que nos sustenta. Aqui se encaixa as nossas necessidades humanas, o fruto do nosso trabalho. Santo Inácio de Loyola diz: Rezai como se tudo dependesse de Deus e trabalhai como se tudo dependesse de vós. Também este pão é a própria Eucaristia, alimento eficaz da nossa alma e a Palavra de Deus que nos sustenta. "Hoje" é uma expressão de confiança. "De cada dia" nos confirma a necessidade de "hoje" não no imediatismo, mas na confiança que não devemos nos preocupar com o amanhã.
5. Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos têm ofendido - Este pedido se compõe de duas partes. Nosso pedido é voltado para o futuro, nossa resposta deve tê-lo precedido; uma palavra os liga: "Como". (CICI § 2631). Pedir perdão é o reconhecer as nossas misérias e exaltar a misericórdia de Deus. Mas tem um detalhe: O Mar de Misericórdia não pode penetrar em nosso coração enquanto não tivermos perdoado aos que nos ofenderam. O Amor é indivisível: não podemos mara o Deus que não vemos, se não amamos o irmão, a irmão, que vemos (I Jo 4,20) § 2840. Esta oração tem duas partes, a primeira um pedido e a outra uma condição para que esta primeira parte seja atendida. Seremos perdoados com a mesma intensidade com que perdoamos, pois "Com a mesma medida que medirdes, vós também sereis medidos" (Lc 6,38).
6. Não nos deixeis cair em tentação - Aqui se pede explicitamente o desejo de traduzir a oração em testemunho. Os desafios do dia a dia que nos fazem sucumbir diante do mundo. Portanto devemos fazer desse pedido uma decisão pessoal. Se vivemos pelo Espírito, pelo Espírito pautemos também nossa conduta (Mt 6,21.24). Não estamos pedindo que o Senhor tire os obstáculos, mas que nos livre de cair, que nos faça vencedor diante das batalhas.
7. Mas livrai-nos do mal - Aqui o pedido é uma oração de libertação, para que não venhamos a cair nas armadilhas de satanás. Só vencemos o combate do mal na oração. Neste pedido, o Mal não é uma abstração, mas designa uma pessoa, Satanás, o Maligno, o anjo que se opõe a Deus. O "diabo" ("diabolos") é aquele que "se atira" no meio do plano de Deus e de sua "obra de salvação" realizada em Cristo. (CIC § 2851).
Portanto, façamos esta oração não como fórmula, mas como clamor sincero da nossa alma que busca reconhecer o Pai-Nosso que nos acolhe em Jesus Cristo!
(Emanuel Machado)
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