Quão grande seja o poder e quanta sabedoria na palavra de Deus, estas palavras o demonstram aos que buscam a Cristo, que é verbo, poder e sabedoria de Deus. Coeterno com o Pai no princípio, este verbo no tempo determinado revelou-se aos apóstolos e, por eles anunciado, foi humildemente recebido na fé pelos povos que crêem. Está, portanto, o verbo no Pai, o verbo nos lábios, o verbo no coração.
Esta Palavra de Deus é viva, porque o Pai Lhe comunicou o poder de ter a vida em Si mesma tal como Ele tem a vida em Si mesmo (Jo 5, 26). Por esta razão, Ela não somente é viva, mas é a própria vida, como de Si mesma proclama: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida» (Jo 14,6). Precisamente porque esta Palavra é a vida, é viva e vivificante. De fato, assim como o Pai ressuscita os mortos e dá a vida, assim também o Filho dá a vida a quem quer (Jo 5,21). Dá a vida quando chama o morto do sepulcro dizendo: «Lázaro, sai para fora!» (Jo 11,43). Quando esta Palavra é anunciada mediante a voz do pregador, transmite pela voz que se ouve exteriormente a voz que actua interiormente, e que chama os mortos à vida para renascerem na alegria dos filhos de Abraão (Mt 3,9). Portanto, é viva esta Palavra no coração do Pai, é viva na boca do pregador, é viva no coração de quem crê e ama. Sendo assim viva, não há duvida de ser também eficaz.
É eficaz na criação das coisas, eficaz no governo, do mundo, eficaz na redenção do universo. Que de mais eficaz e de mais poderoso? Quem dirá seus portentos, fará ouvir todo seu louvor? (Sl 105,2). É eficaz ao agir, eficaz ao ser anunciada, pois não volta vazia, mas tem êxito em tudo a quanto é enviada.
Eficaz e mais penetrante que a espada de dois gumes (Hb 4,12), quando é crida e amada. O que será impossível a quem crê, ou difícil a quem ama? Quando este verbo fala, suas palavras transpassam o coração quais setas agudas do poderoso. Como pregos profundamente cravados, entram e penetram até o mais íntimo, porque é mais aguda que a espada de dois gumes esta palavra, já que é mais poderosa do que toda a força e poder para abir e mais sutil do que a maior argúcia do engenho humano. Mais que toda sabedoria humana e a sutileza das palavras doutas, é ela penetrante.
Das Obras de balduíno de Cantuária, bispo (Sec. XII)
A Palavra é viva! Amém!
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